arte: divulgação
Anna Mae Bullock - a Tina Turner - é uma cantora, dançarina e atriz cuja carreira se estende por mais de sete décadas e acumula numerosos prêmios, incluindo oito Grammys. Considerada um ícone do show business mundial, a artista já vendeu mais ingressos para shows do que qualquer outro músico solo na história. Inclusive, durante a turnê comemorativa de cinquenta anos de carreira, Tina!: 50th Anniversary Tour (2008-2009), ela se apresentou para mais de um milhão de fãs.
Agora, a artista apresenta a sua biografia assinada intitulada "A Plenitude do ser, O guia para uma vida transformada", da editora Alta Books. A obra, com data de chegada no Brasil em janeiro, mostra como todos nós podemos superar os obstáculos da vida e realizar nossos sonhos, capacitando-nos com ferramentas espirituais e conselhos sábios para enriquecer nossos caminhos particulares.
Confira a entrevista que a artista concedeu sobre o seu momento de vida e o livro que, com certeza é uma inspiração para muitos.
Tina Turner escreveu um livro sobre felicidade. Uau! O que significa
viver uma vida feliz? É possível obter uma felicidade duradoura?
Tina: Acredito que todo mundo tem o potencial de ter uma felicidade duradoura, indestrutível. Já temos tudo do que precisamos dentro de nós. Precisamos apenas acessar isso. Para mim, uma vida feliz significa se sentir confiante e alegre, sabendo que nossa sabedoria interna pode nos guiar para realizarmos mudanças positivas na vida, independentemente de
que circunstâncias estejamos enfrentando.
Você não falou muito em público sobre sua jornada de vida espiritual. Por que achou importante revelar esses seus aspectos pouco conhecidos agora? E como você prática sua espiritualidade na vida diária?
Tina: É verdade que, até agora, apenas meus amigos achegados e minha família ouviram os detalhes do que compartilho em A Plenitude do Ser. Mas tanto na minha vida pública como privada, sempre procurei fazer o meu melhor para incentivar as pessoas através das minhas ações, tanto no palco como fora dele, para ser um bom modelo de vida, compartilhar pensamentos positivos e oferecer bondade a todos. É assim que pratico minha espiritualidade no dia a dia. Quanto ao que me motivou a compartilhar minha jornada espiritual agora, é a condição atual da sociedade. O mundo está transbordando com mais incerteza e desesperança do que jamais vi em anos. Isso me inspirou a revelar como realizei minha jornada da adversidade e desesperança à estabilidade e alegria. Quero compartilhar como aumentei minha positividade e superei cada obstáculo, mesmo durante as circunstâncias mais impossíveis que enfrentei. Sei que, se consegui, todos aqueles que lerem A Plenitude do Ser conseguirão também.
Você já vem praticando os princípios do budismo há mais de quarenta anos, embora tenha sido criada em uma comunidade batista. Como encontrou o budismo? E como esse encontro mudou sua vida?
Tina: Quando estava com quase 30 anos, estava me sentindo deprimida e desapontada com a minha vida. Por fim, perdi completamente a esperança a ponto de não conseguir pensar com clareza, e tentei me suicidar tomando um frasco inteiro de pílulas para dormir. Felizmente, algumas pessoas me encontraram e me levaram para o hospital, onde fui reanimada. De início, quando despertei no meu leito hospitalar e percebi que ainda estava viva, fiquei decepcionada. Naquela época, achava que a morte era a única escapatória das minhas condições dolorosas. Não muito tempo depois, porém, várias pessoas, uma após a outra, sugeriram que eu experimentasse chantar o mantra Nam-myoho-renge-kyo, e aprendi com a sabedoria dos princípios budistas. De início, ignorei esses convites para explorar a filosofia budista, mas eles continuaram a surgir na minha vida. Por fim, decidi dar uma olhada neles. Quanto mais eu aprendia, mais descobria que os ensinos budistas faziam total sentido para mim. Logo depois de começar a praticar o budismo, percebi que tinha dentro de mim tudo do que precisava para mudar minha vida para melhor. Passei a ter mais esperança e confiança, e as transformações internas que realizei através da minha prática espiritual me ajudaram a ter mais alegria e
sucesso.
Meditação, o canto de mantras e outras práticas budistas estão se tornando mais populares na atual sociedade ocidental. O que acha que está motivando esse interesse, esse desejo no mundo ocidental pela sabedoria oriental?
Tina: Acho que todos querem ser felizes. É um desejo humano básico. E acho que muitas pessoas apreciam o fato de que os ensinamentos budistas, que são baseados na lógica e na causa e efeito, oferecem um caminho para esse fim. Emocionalmente, quando as pessoas veem outros fazendo mudanças positivas na sua vida, elas ficam inspiradas a fazer o mesmo. No meu caso, quando vi o efeito positivo que a sabedoria oriental estava exercendo nas pessoas à minha volta, eu também quis aprender mais. Os princípios que compartilho em A Plenitude do Ser são universais e podem ajudar a todos, independentemente da sua origem religiosa ou cultural, a melhorar sua vida e sentir mais paz, compaixão e alegria.
Apesar de grandes dificuldades e obstáculos, você conquistou um sucesso monumental na sua vida e na sua carreira musical mundial. Quando era criança, ninguém podia ter previsto que você estaria onde está hoje. Quais diria que foram as experiências essenciais que a tornaram tão forte e bem-
sucedida?
Tina: Tive várias experiências que poderiam ter me destruído, mas que acabaram se tornando um trampolim para a minha jornada, me elevando. Após a minha tentativa de suicídio, percebi que havia sobrevivido porque eu precisava de um objetivo de vida, algum tipo de missão a realizar. E, depois de viver anos de abuso, percebi que tinha uma força interna que podia canalizar. Se conseguisse amplificá-la, poderia transformar meus sonhos em realidade. Aprender os princípios do budismo me deu as ferramentas para fazer justamente isso: aumentar minha força interna e minha clareza. Foi assim que me desenvolvi nos níveis mais profundos e finalmente passei a enxergar a mim mesma e a minha vida com mais clareza. E foi isso que me permitiu encontrar uma maneira de contornar
cada obstáculo. Ao passo que desenvolvia essa habilidade, minha confiança e esperança cresceram. Aos poucos, minha crença em mim mesma se tornou sólida como uma rocha. Esse desenvolvimento espiritual mais o bom e velho trabalho duro são o que me empoderaram a transformar meus desafios e conquistar meus sonhos, tanto profissional como pessoalmente.
No seu livro, você fala sobre “transformar veneno em remédio”. O que quer dizer com isso?
Tina: “Transformar veneno em remédio” é um conceito antigo que se tornou o tema repleto de esperança da minha vida. Em termos simples, isso quer dizer que, sempre que surgir alguma negatividade, ou “veneno”, temos o poder dentro de nós de encontrar o valor oculto nela e transformá-la em algo benéfico, em “remédio”. Esse princípio nos ensina que, em cada crise, frustração ou desastre, existe o potencial de aprender, crescer e avançar em direção a níveis mais altos de sabedoria e realização tal como nunca antes.
O mantra que você canta — Nam-myoho-renge-kyo —, o que ele significa para você?
Tina: Foi o que salvou minha vida, então ele é extremamente pessoal e significa várias coisas para mim. O significado literal é “devoção à lei universal de causa e efeito”. Quando canto essas palavras, sinto uma mudança interna acontecendo, minha mente fica mais clara, meu humor melhora e consigo ver como quero que as coisas sejam em minha vida e como fazer essa visão se tornar realidade. Acessar essa condição elevada dentro de mim me permite expressar minha sabedora e compaixão inatas,
de modo a realizar causas positivas que geram efeitos positivos; em outras palavras, aumentar meu bom carma e ajudar outros a fazer o mesmo.
Que mensagem você gostaria de enviar aos jovens que estão começando sua jornada no mundo de hoje?
Tina: Reconheça seu próprio valor e entenda que vocês têm um objetivo neste planeta. Todos nós temos um lado negativo e um positivo, mas temos o poder de tomar decisões e agir para aumentar e fortalecer nosso lado positivo. A cada dia, expressamos quem somos e quem queremos
nos tornar através dos nossos pensamentos, palavras e ações. Escolham o caminho positivo em tudo o que fizerem. Nunca desistam de si mesmos e dos seus sonhos. Todos nós temos o potencial de sermos realmente felizes e bem-sucedidos, independentemente do caminho que escolhermos, desde que façamos o nosso melhor para espalhar a positividade e a bondade. Sou otimista, e tenho grandes esperanças de que os jovens de hoje ajudarão a curar o mundo.
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